Hugo conta tudo sobre preparação, expectativa e planos para Tóquio-2020
15/07/2021 - 15:05
Antes de embarcar para a disputa dos Jogos de Tóquio-2020, Hugo conversou com jornalistas sobre todos os detalhes da sua segunda participação olímpica. Confira abaixo como foi esse bate-papo sobre preparação, expectativa, caminho para o sonho da inédita medalha e muito mais:
Você foi confirmado como cabeça de chave número quatro da competição. Como isso ajuda na competição?
Isso ajuda bastante. Teoricamente, é um ponto positivo não poder jogar contra os chineses antes da semifinal, mas é claro que há muitos outros jogadores que são muito fortes. A partir já da minha primeira partida, entre os 32, preciso estar muito concentrado, muito focado, porque todos ali são perigosos também.
Como você avalia a disputa por uma medalha em Tóquio?
Como todos sabem, os chineses são os favoritos, mas há muitos outros atletas que estão brigando por uma medalha. Diria que uns dez a 12 atletas, além dos chineses, também estão nessa briga. Acho que com a minha preparação vou chegar bem e nessa briga por medalha.
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Você teve de se afastar da mesa por um curto período para tratar uma inflamação no ombro e aproveitou para se tratar e se vacinar no Rio. Como você está se sentindo agora?
Pude voltar para o Brasil, repor as energias, ver a minha família que não encontrava já há um ano e meio. Estou me sentindo bem fisicamente, sem nenhuma dor no ombro. Estou conseguindo treinar bem, com bastante intensidade e bastante qualidade. Estou me sentindo bem preparado e bem forte fisicamente.
Como tem sido a sua reta final de preparação?
Antes dessas competições, como Campeonato Mundial e Jogos Olímpicos, eu costumo fazer bastante visualização por conta própria. Muitas vezes eu me pego imaginando como vou estar jogando na competição. Acho que isso me prepara bastante mentalmente para a competição. Quando você já viveu aquele cenário na sua cabeça centenas de vezes, fica mais preparado para as coisas que podem acontecer. É claro que você também precisa ter muitas horas na mesa, mas acho que agora o principal nessa reta final é treinar com bastante intensidade. A qualidade e a intensidade são os mais importantes, então estou prestando bastante atenção na parte de lesões. O importante agora é manter a qualidade, com a quantidade um pouco mais baixa.
Qual o peso da preparação mental em uma competição deste nível?
Acho que já mostrei várias vezes que, nos momentos importantes, eu consegui jogar bem. Claro que cada evento é uma coisa nova, mas, por exemplo, nas Olimpíadas do Rio e nos Jogos Pan-Americanos eu sempre consegui jogar o meu melhor nível. Com certeza, a parte mental é a principal no tênis de mesa. Você pode treinar muitas horas, ter a técnica perfeita, mas, se não tiver a concentração no momento decisivo, vai ser bem difícil ganhar.
Muito se fala sobre a força dos chineses, mas você já derrotou vários deles. Qual o caminho para buscar novas vitórias?
Realmente, é incontestável a hegemonia dos chineses no tênis de mesa. Eles ganharam 28 das 32 medalhas de ouro em Jogos Olímpicos. É um grande desafio não só ganhar dos chineses nos Jogos Olímpicos, mas também tentar desviar de todas as pessoas que estão à sua volta, todos os atletas que sentem que os chineses são imbatíveis. Na verdade, na minha cabeça, eles não são. Já consegui ganhar de alguns e nunca pensei que fossem imbatíveis. Sempre acredito que posso ganhar, principalmente com meu estilo de jogo bem agressivo, bem diferente. Eles não estão tão acostumados assim. Acho que, no mundo, ninguém tem esse estilo de jogo como o meu, sempre bem agressivo.
Acho que, fisicamente, sou um dos mais fortes e mais rápidos no circuito. Acredito que esse é o caminho para ganhar dos chineses. Se eu ficasse só na regularidade, só tentando colocar mais bolas na mesa do que eles, seria impossível ganhar deles. E muitas vezes eu sou criticado por isso: “ah, o Hugo só tinha que ter colocado mais uma bola ali na mesa”. Mas o que eu procuro fazer é sempre seguir o meu caminho. Pode ser que às vezes eu perca um jogo a mais por causa disso, por ter sido agressivo demais, mas tenho certeza de que, se eu quiser conquistar grandes coisas, como uma medalha de ouro olímpica, vai ser por esse caminho. E é isso o que eu vou continuar fazendo.
Como você acha que os Jogos de Tóquio serão diferentes em relação à Rio 2016?
A sensação para essa Olimpíada, comparada à da Rio 2016, muda, mas mais pelo fato de ser a minha segunda participação e agora estar brigando por uma medalha, estar entre os melhores jogadores. No Rio, eu era o número 36 da competição, estava por volta dos 50 e poucos do ranking mundial. Então, era tudo bem novo para mim, não tinha tanta condição de medalha, mas vivi uma experiência incrível, com toda a torcida acompanhando. Claro que o gostinho não vai ser exatamente igual ao do Rio, mas acho que disputar uma Olimpíada tem sempre aquele arrepio que bate dentro.
Sobre a equipe masculina, como você acredita que ela chegará à disputa?
Toda a equipe do Brasil estava treinando em Ochsenhausen também, então vi que todos estão bem preparados, bem motivados também. A gente começa pela competição individual, então esse vai ser o primeiro foco. Mas acho que a equipe também tem condição de brigar com os melhores times. Se a gente for bem realista, a China é bem difícil de bater, mas todas as outras equipes a gente tem condição, sim, de ganhar e brigar por uma medalha inédita.
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